Korin Miller
Biscoitos, batata frita, rosquinhas - ninguém nunca disse que
guloseimas são saudáveis. Mas novas pesquisas têm descoberto o quanto
ruins essas guloseimas
podem ser. É assim que o seu cérebro fica quando você come besteiras, de acordo com nova pesquisa. (Foto: Getty Images)
O estudo, publicado na terça-feira, no jornal Neuropsychopharmacology,
descobriu que a gordura saturada
tem um efeito semelhante ao das drogas em nosso cérebro. Quanto mais
gordura saturada comemos, menos nós a saboreamos… e mais desejamos,
para conseguir a
mesma sensação.
Para essa pesquisa, os cientistas dividiram ratos em três grupos - e
eles foram usados para a experiência porque as características
genéticas, biológicas e
comportamentais desses roedores são semelhantes às dos humanos. Um
grupo teve uma dieta pobre em gorduras, com quantidades iguais de
gordura monoinsaturada
(a “boa” gordura), proveniente de azeite de oliva, e gordura
saturada (a “má” gordura) proveniente do óleo de palma; o segundo grupo
foi alimentado com uma
dieta rica em gordura monoinsaturada, e o terceiro, uma dieta rica
em gordura saturada. Além dos tipos de gordura, as dietas eram iguais em
termos de
quantidade de açúcar, proteína, gordura geral e calorias.
Depois de oito semanas, os ratos tinham um peso corporal semelhante,
mas os pesquisadores descobriram que os ratos na dieta de gordura
saturada tinham uma
função “significativamente embotada” da molécula das boas sensações,
a dopamina. Essencialmente, eles sentiam menos prazer depois de comer, e
tentavam
compensar comendo mais comida gorda.
A autora do estudo, Cecile Hryhorczuk, conta ao Yahoo Health que o
cérebro responde de maneira semelhante a gorduras saturadas e drogas, já
que ambos
ativam a liberação de dopamina em nossos organismos.
A longo prazo, nossos organismos se habituam à resposta, e ficamos
menos sensíveis a esses efeitos. “É isso o que acontece com viciados em
drogas, que
desenvolvem uma tolerância e precisam aumentar a dose para conseguir
o mesmo nível de prazer,” diz ela. “É exatamente isso que acontece com
comida
gordurosa.”
O resultado, ela diz, é que as pessoas que comem alimentos com muita
gordura saturada, procuram comer mais desses alimentos para conseguirem
o mesmo
“prazer.”
A gordura saturada é tipicamente encontrada em manteiga, produtos de
panificação, carnes gordas, queijo e alimentos fritos, e as pesquisas
sobre os efeitos
negativos da gordura têm sido confusas. Estudos mais antigos ligam a
gordura saturada a altos níveis de mau colesterol LDL, assim como um risco aumentado de desenvolver doenças
coronárias.
Mas uma análise mais ampla de estudos prévios, publicada em
Annals of Internal Medicine
no ano passado, descobriu que não existem provas de que consumir
mais gordura saturada provoca um maior risco de doenças coronárias.
No entanto, um pequeno estudo publicado no jornal JAMA Neurology
em 2013
concluiu que uma dieta alta em gordura saturada por ajudar a remover
uma substância química importante do cérebro, que ajuda a proteger da
doença de
Alzheimer.
A
American Heart Association
continua recomendando limitar o consumo de gordura saturada para
menos de seis por cento de calorias diárias (o que é cerca de 13 gramas
de gordura
saturada para uma dieta padrão de 2.000 calorias). A associação
também sugere trocar os alimentos altos em gordura saturada por
alimentos ricos em boas
gorduras, como a monoinsaturada e a poli saturada.
Mas a dietista de Nova York, Jessica Cording,
diz que nem todas as gorduras
saturadas são criadas da mesma maneira. “Você deve limitar o consumo
de guloseimas, pois contém muitas outras coisas que não ajudam em
nada,” ela conta ao
Yahoo Health. “Mas os pesquisadores continuam tentando descobrir os
efeitos dos laticínios integrais e do coco, que também são ricos em
gordura saturada.”
Você deseja diminuir seu consumo de gorduras saturadas? Deixe a
batata frita de lado, e prefira laticínios magros a gordos. Se você for
fazer pães e bolos
em casa, Cording recomenda substituir a manteiga por purê de abóbora
ou iogurte grego magro - ambos têm uma boa textura e sabor.
Hryhorczuk avisa que não se deve cortar completamente a gordura
saturada, pois o cérebro precisa dela em pequenas quantias para vários
processos
fisiológicos. Mas, ela relata, as pessoas devem entender que os
efeitos da gordura saturada vão muito além do ganho de peso que podemos
ver.
Cording diz que a nova pesquisa é mais uma prova de que é uma ideia
reduzir a quantidade de bobagens que comemos. “É o caso de saborear
certos alimentos,
como sorvetes e bolos de vez em quando, em vez de comê-los o tempo
todo,” ela diz. “Dessa maneira, você acaba desfrutando mais deles.”