terça-feira, 26 de novembro de 2013

Educação em casa

A estudante Rebeca Sales, de 18 anos, ouviu falar sobre educação financeira quando ainda era criança. O assunto, até então desconhecido pela maioria dos brasileiros, já fazia parte da rotina da família. “Na época, eu comentava com os meus colegas na escola sobre a importância de economizar a mesada, de não gastá-la com besteira. As outras crianças riam de mim e não me davam atenção. Uma amiga minha ganhava uma mesada rechonchuda. Todo o dinheiro dela era gasto com doces, frituras e refrigerantes. Hoje, ela está obesa, com diabetes e sente muitas dificuldades em arrumar emprego”, conta Rebeca.
Seguindo o exemplo dos pais, Rebeca guardou durante mais de uma década metade da mesada que recebia da mãe. Ao completar 18 anos, ela comprou um carro novo. Fato que impressionou até mesmo a família da jovem. “Quando conto a minha história, ninguém acredita. Mas quando temos bons exemplos dentro de casa, tudo fica mais fácil. Aprendi a conquistar meus objetivos com o meu próprio dinheiro. O meu próximo passo é dar entrada no financiamento da minha casa própria. Com perseverança e disciplina sei que vou conseguir realizar o meu sonho, sem precisar contar com a ajuda dos meus pais”, ressalta.
O exemplo de Rebeca é raro, de acordo com o economista Pedro Ribeiro. “Muitos pais jogam para a escola a responsabilidade de falar sobre dinheiro e a importância dele na vida das pessoas. Outro dia presenciei uma cena no shopping que me estarreceu. Vi quando uma mãe entregou duas notas de R$ 50 na mão de um menino que aparentava ter uns 8 anos. Menos de 10 minutos depois, ele já tinha gasto todo o dinheiro em fichas de fliperama. Curioso, eu me aproximei da mãe e me apresentei. Disse que era economista, que estava fazendo uma pesquisa e que gostaria de saber por que ela tinha dado tanto dinheiro ao garoto. Para minha surpresa, ela respondeu: para ele parar de chorar”, conta.
Uma pesquisa realizada pela QuorumBrasil, em 2012, revelou que 63% dos adolescentes entrevistados se informam sobre dinheiro e investimentos com os pais e parentes, 51% pela internet, 17% com amigos, 14% na escola e 8% por meio de veículos de comunicação.
Para Ribeiro, a escola pode e deve contribuir na educação financeira das crianças, mas o apoio da família é fundamental. “Educar não é tarefa fácil, mas pode ser uma atividade prazerosa. Antes de tudo, os pais precisam dar o exemplo. Não adianta contar uma história legal e agir de maneira conflitante. O ideal é que todos da casa participem do orçamento. Conheço histórias fantásticas de pais que incluem os pequenos na rotina da casa. Esses filhos sabem quanto os pais ganham, quanto gastam e de que forma. Já vi uma adolescente de 13 anos puxando a orelha da mãe que queria comprar dois sapatos iguais de cores diferentes. Acho isso fantástico e ainda ajuda a fortalecer os laços e os compromissos com as despesas do dia a dia”, completa o economista.

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